Quero
me embrenhar nas matas, tomar banho de cachoeira, levar um arco e várias
flechas, para certeira encontrar o alvo certo. Vou colocar um cocar com as
penas mais bonitas, caídas dos pássaros mais formosos dos reinos das matas virgens.
Sentarei no toco de uma árvore e lá fumarei o meu cachimbo e tomarei no fruto da
cuieira o meu marafo. Contemplarei a lua e verei aquele que perpassa a minha
cabeça. Do meu guardião, herdarei a coragem de um exímio caçador e de tocaia
estarei à espreita da felicidade. Na minha veste quase nua, terei um lindo
saiote de penas, ornando as minhas vergonhas. Nas matas também encontro as
encruzilhadas, onde despacharei tudo o quanto me impede de cavalgar tranquila e
voar como uma pomba. Tomarei o chá da eternidade e da beleza. Sonharei os mais
lindos sonhos e deles me recordarei em vigília.
Na
minha fraternidade, entrarei vestida com um lindo vestido vermelho, de mangas
compridas e cheia de brilhos. Na cabeça, usarei um belo chapéu com penas pretas
e colares de pérolas. Saltos bem altos para demonstrar a minha altivez.
Dançarei ao som dos tambores que soarão as mais singelas canções que me fazem
levitar de emoção.
Rodopiarei
ao som dos atabaques e agogôs, com minha cigarrilha acesa e minha taça de
cristal fino. Minha saia rodada, retalhada, terá o colorido de um arco-íris
após a tempestade, porque o sol, o sol já raiou .
Acenderás
tuas velas e logo serão minhas. As quero das minhas cores preferidas. Elas podem
ser: verdes, rosas, vermelhas ou amarelas. Quero que elas durem tanto quanto a
chama que se acenderá em teu coração.
Sou
caçador, sou guerreiro, sou tupã, sou iaça, sou das matas, sou das ruas, sou do
mundo, de ninguém e de todos.
M.a
Nenhum comentário:
Postar um comentário