sábado, 28 de julho de 2012

Pequena ode!


Quero me embrenhar nas matas, tomar banho de cachoeira, levar um arco e várias flechas, para certeira encontrar o alvo certo. Vou colocar um cocar com as penas mais bonitas, caídas dos pássaros mais formosos dos reinos das matas virgens. Sentarei no toco de uma árvore e lá fumarei o meu cachimbo e tomarei no fruto da cuieira o meu marafo. Contemplarei a lua e verei aquele que perpassa a minha cabeça. Do meu guardião, herdarei a coragem de um exímio caçador e de tocaia estarei à espreita da felicidade. Na minha veste quase nua, terei um lindo saiote de penas, ornando as minhas vergonhas. Nas matas também encontro as encruzilhadas, onde despacharei tudo o quanto me impede de cavalgar tranquila e voar como uma pomba. Tomarei o chá da eternidade e da beleza. Sonharei os mais lindos sonhos e deles me recordarei em vigília.
Na minha fraternidade, entrarei vestida com um lindo vestido vermelho, de mangas compridas e cheia de brilhos. Na cabeça, usarei um belo chapéu com penas pretas e colares de pérolas. Saltos bem altos para demonstrar a minha altivez. Dançarei ao som dos tambores que soarão as mais singelas canções que me fazem levitar de emoção.
Rodopiarei ao som dos atabaques e agogôs, com minha cigarrilha acesa e minha taça de cristal fino. Minha saia rodada, retalhada, terá o colorido de um arco-íris após a tempestade, porque o sol, o sol já raiou .
Acenderás tuas velas e logo serão minhas. As quero das minhas cores preferidas. Elas podem ser: verdes, rosas, vermelhas ou amarelas. Quero que elas durem tanto quanto a chama que se acenderá em teu coração.
Sou caçador, sou guerreiro, sou tupã, sou iaça, sou das matas, sou das ruas, sou do mundo, de ninguém e de todos.
M.a

Nenhum comentário:

Postar um comentário