E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cú!"? E sua
maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cú!". Você
já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando,
passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor
e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cú!". Pronto, você retomou as
rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua,
vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso
de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior
poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais
avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata,
pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo
imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez
proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de
alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado,
sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene
de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu
de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente
proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais
libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda- se!" aumenta minha
auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me
liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir
essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!"
deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade,
fraternidade e foda-se!.
Grosseiro, mas profundo... Pois se a língua é viva, inculta, bela e
mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. "Nem fodendo..."
O direitoao palavrão.Luis Fernando Veríssimo.
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