segunda-feira, 4 de junho de 2012

Diário de um Sedutor

DIÁRIO DE UM SEDUTOR - KIERKEGAARD

por Mary Anne Frazão, quinta, 6 de Outubro de 2011 às 11:31 ·
Minha Cordélia!
O que é o desejo? A língua e os poetas fazem rimar desejo e prisão*. Que absurdo! Como se aquele que está na prisão pudesse arder em desejo! Se eu fosse livre, como arderia! E, por outro lado, sou livre como um pássaro e, acredita-me, ardo em desejo - sinto-o ao ir para tua casa e quando te deixo, e, ainda quando estou sentado a teu lado, ardo em desejo por ti. Mas poder-se-á então desejar aquilo que se possui? Sim, quando pensamos que, no instante seguinte, o não possímos já. O meu desejo é uma impaciência eterna. Se eu tivesse vivido todas as eternidades e ganho a certeza de que me pertences em todos os seus instantes, só então estaria junto de ti e viveria contigo todas as eternidades - certamenta não teria paciência bastante para estar um só momento separado de ti sem arde em desejo, mas possuiria a confiança suficiente para me manter calmo ao teu lado.
                                                                                                                                 Teu Joahannes

* as duas palavras rimam, realmente, em dinamarquês.

In: Diário de um sedutor.

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